Técnicas de neuromodulação
NEUROFEEDBACK
O QUE É?
É uma ferramenta de treinamento cerebral que tem como objetivo melhorar o funcionamento fisiológico do cérebro, aperfeiçoando os padrões associados à nossa capacidade cognitiva, física e emocional.
O Neurofeedback se refere a um tipo específico de biofeedback, que fornece informações sobre as frequências e amplitudes das ondas cerebrais, através de eletrodos colocados em áreas específicas do couro cabeludo, possibilitando a regulação dessas, sem o uso de medicação ou procedimentos invasivos.
COMO FUNCIONA?
É uma técnica indolor que mostra, em tempo real, a atividade das ondas cerebrais, captadas por meio de eletrodos no couro cabeludo.
Com isso é possível oferecer recompensas visuais e sonoras para treinar o cérebro e assim, aumentar ou diminuir certas frequências e alterar padrões de ondas cerebrais transformando-as para que o cérebro funcione de forma mais efetiva, além de reduzir sintomas disfuncionais.
QUAL A DURAÇÃO E TEMPO DE RESPOSTA?
Geralmente, após 5-6 sessões os pacientes já apresentam resultados. Os mais comuns são: se sentir mais focado, mais tranquilo durante o dia o dia e melhora na qualidade do sono. É importante aguardar pelo menos 10 sessões para ter a oportunidade de sentir progresso em direção aos seus objetivos.
A melhora é gradual e o progresso é constante e depende, diretamente, da disciplina com o tratamento.
A maioria dos participantes completam de 30-40 sessões de forma a estabelecer as mudanças que o Neurofeedback realiza no cérebro.
BIOFEEDBACK POR HEMOENCEFALOGRAFIA
O Neurofeedback por espectroscopia de infravermelho próximo ou Hemoencefalografia que chamaremos carinhosamente de HEG, oferece feedback das mudanças da perfusão sanguínea, ou seja, da oxigenação do córtex cerebral. E esta técnica tem como objetivo, ensinar os
sujeitos a modularem voluntariamente as alterações do fluxo sanguíneo cerebral por meio do aumento dos níveis de oxigênio no sangue.
Isso é possível pois o crânio é relativamente transparente no espectro de luz infravermelho próximo, permitindo que a luz, emitida por um led, chegue até o córtex cerebral. Durante a realização de uma atividade o córtex cerebral é ativado, e ocorre a vasodilatação, fazendo com que maior quantidade de sangue oxigenado chegue à região que está sendo utilizada.
O sangue contém hemoglobinas que transportam o oxigênio para os diversos tecidos do corpo humano. Quando a hemoglobina está transportando oxigênio recebe o nome de oxi-hemoglobina, quando não está transportando oxigênio é conhecida como desoxi-hemoglobina.
A luz infravermelha, que chega ao córtex é absorvida pela oxi-hemoglobina, e o restante retorna ao sensor. Portanto é possível mensurar a oxigenação da região, averiguando quanto de luz foi absorvida e quanto de luz retorna para o receptor.
ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA – TDCS
A estimulação transcraniana por corrente contínua (TDCS) é uma técnica de estimulação cerebral não invasiva que fornece uma corrente contínua fraca ao couro cabeludo, que modula a atividade dos tecidos neurais subjacentes. A corrente é tipicamente entregue através de dois eletrodos, um colocado sobre a região alvo do cérebro e o outro sobre uma região de referência. Os eletrodos são conectados a um estimulador que fornece a corrente por uma duração e intensidade específicas.
A TDCS é uma técnica relativamente simples e segura que pode ser usada para manipular a atividade de regiões específicas do cérebro, a fim de investigar seu papel no comportamento ou para melhorar ou aliviar certas condições neurológicas ou psiquiátricas.
Acredita-se que os efeitos da ETCC sejam devidos à modulação da excitabilidade neuronal na área-alvo do cérebro, com a estimulação anodal aumentando a excitabilidade e a estimulação catódica diminuindo-a. A técnica não é invasiva, não requer anestesia ou cirurgia e é tipicamente indolor. Sua facilidade de uso e baixo custo a tornaram uma opção atraente para aplicações clínicas e de pesquisa.
A técnica tem sido usada para investigar os mecanismos neurais de vários processos cognitivos e motores, e tem se mostrado promissora no tratamento de diversos distúrbios neuropsiquiátricos e neurológicos.
O uso de TDCS acarreta alguns potenciais efeitos adversos mínimos, como irritação da pele ou desconforto leve, e existem certas populações para as quais a ETCC pode ser contraindicada.
EFEITOS NEURAIS DA TDCS (ANODAL)
Acredita-se que a estimulação anodal despolarize as membranas neuronais, tornando-as mais excitáveis. Esse aumento da excitabilidade pode resultar em maior plasticidade sináptica, aumento da liberação de neurotransmissores e mudanças na atividade da rede neural.
A estimulação anodal demonstrou aumentar a excitabilidade cortical em várias regiões do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal, o córtex motor e o córtex visual.
O estado natural em repouso de uma membrana neuronal é polarizado, com excesso de íons cálcio no espaço extracelular e excesso de íons potássio intracelular. O potencial de membrana de repouso neuronal é de aproximadamente -70 mV.
Para que ocorra o potencial de ação, a despolarização deve ocorrer, isto é, pelo equilíbrio osmótico entre os 2 meios (intra e extracelular), há a passagem do potencial de ação ao longo da membrana.
EFEITOS NA LIBERAÇÃO DE NEUROTRANSMISSORES
Os efeitos da TDCS na liberação de neurotransmissores também podem contribuir para as alterações na excitabilidade neuronal observadas durante e após a TDCS. Por exemplo, a estimulação anodal demonstrou aumentar a liberação de glutamato enquanto a estimulação catodal demonstrou diminuir a sua liberação.
O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no cérebro e está envolvido na plasticidade sináptica, aprendizagem e memória. Um aumento na
liberação de glutamato pode levar a uma excitabilidade neuronal aumentada e potenciação a longo prazo, uma forma de plasticidade sináptica que se pensa
estar subjacente à aprendizagem e à memória.
Em contraste, durante a TDCS catódica, foi observada uma diminuição na liberação de glutamato e um aumento na liberação de ácido gama-aminobutírico (GABA). GABA é o principal neurotransmissor inibitório no cérebro e está envolvido na regulação da atividade neuronal. Uma diminuição na liberação de glutamato e um aumento na liberação de GABA podem levar à diminuição da excitabilidade neuronal e depressão em longo prazo, uma forma de plasticidade sináptica que se acredita estar subjacente ao esquecimento e distúrbios de aprendizagem.
Os efeitos da TDCS na liberação de neurotransmissores podem ter implicações terapêuticas para vários distúrbios neuropsiquiátricos e neurológicos. Por
exemplo, a TDCS anodal tem sido investigada como um tratamento para a depressão e pode ser capaz de aumentar a atividade do córtex pré-frontal, que
está envolvido na regulação do humor.
Além disso, a TDCS catódica tem sido investigada como um tratamento para a ansiedade, e pode ser capaz de diminuir a atividade da amígdala, que está envolvida na geração de medo e ansiedade.
ESTIMULAÇÃO TRANSCUTÂNEA AURICULAR DO NERVO VAGO (TAVNS)
A taVNS através da orelha é, uma poderosa ferramenta que podemos lançar mão. Com o conhecimento direcionado dos parâmentros utilizados e da neurofisiologia envolvida na resposta à corrente aplicada, certamente conseguiremos dar alento aos mais diversos pacientes que nos chegam às mãos.
Nosso entendimento é que, com uma visão panorâmica situacional, uma avaliação objetiva e sensível, bem como um tratamento embasado na literatura
disponível, teremos o almejado sucesso. Mas, lembremos que de nenhuma maneira o taVNS, bem como nenhuma técnica neuromodulatória terapêutica, por mais embasamento que tenha, funciona igualmente para todos.
O nervo vago, também conhecido como décimo par craniano (X cranial), é um dos 12 pares de nervos cranianos que se originam no cérebro. É um misto de fibras motoras e sensoriais e desempenha um papel fundamental na inervação parassimpática de muitos sistemas do corpo.
O nervo vago tem origem no bulbo raquidiano, uma estrutura no tronco cerebral. Sai do crânio através do forame jugular, juntamente com os nervos glossofaríngeo (IX) e acessório (XI).
No tórax: Ao entrar no tórax, o nervo vago passa posteriormente à raiz do pulmão e dá ramos para o plexo pulmonar e o plexo esofágico. O nervo vago direito geralmente passa posteriormente ao esôfago, enquanto o nervo vago esquerdo passa anteriormente a ele. No abdômen: O nervo vago penetra
no abdômen através do esôfago. Uma vez no abdômen, os nervos vago anterior e posterior (originados dos nervos vago esquerdo e direito, respectivamente) fornecem inervação parassimpática para muitos órgãos abdominais, incluindo o estômago, o fígado, a vesícula biliar, o pâncreas, o intestino delgado e a maior parte do intestino grosso.
Funções: Devido à sua extensa distribuição, o nervo vago desempenha um papel em muitas funções diferentes. Estas incluem, mas não estão limitadas a, controlarem os músculos da fala e da deglutição, regular o ritmo cardíaco, controlar a contração muscular no trato gastrointestinal para auxiliar na digestão, e transmitir informações sensoriais do trato gastrointestinal e outras áreas para o cérebro.
Os ramos auriculares do nervo vago são pequenos ramos que fornecem inervação sensorial à parte da orelha. Os principais ramos auriculares do nervo vago são:
Nervo Auricular Maior (Nervus Auricularis Magnus): É o principal ramo do nervo vago que fornece inervação à orelha. Este nervo se origina do gânglio jugular do nervo vago e fornece inervação sensorial para a parte inferior da concha e para a parte atrás da orelha.
Ramo Auricular do Nervo Vago (Ramo Auricularis Nervi Vagi ou Nervo de Arnold): É um pequeno ramo que se origina do gânglio superior do nervo vago ou do nervo glossofaríngeo. Este ramo é o responsável pela inervação sensorial da parte interna da orelha, incluindo o canal auditivo externo e a parte adjacente do tímpano.